Disfunção erétil: um sinal de alerta? - Hospital Vila da Serra

Disfunção erétil: um sinal de alerta?

Data da publicação: 06/11/2013

Dr. Rafael Silveira de Castilho Jacob, membro da equipe de urologia do HVS (Urovila)

A prevalência da disfunção erétil (DE), assim como sua gravidade, aumenta com a idade, atingindo cerca de 40 a 50 % dos homens em torno de 70 anos (sendo que 10% podem apresentar disfunção completa, sem capacidade alguma de ereção).

Os fatores de risco envolvidos são basicamente os mesmos que causam doenças cardiovasculares, podendo alertar o urologista sobre a existência de uma doença coronariana, por exemplo. Tabagismo, consumo de bebidas alcóolicas, obesidade, hipercolesterolemia, hipertensão arterial, Diabetes mellitus e insuficiência renal crônica são algumas das situações de risco concomitantes. Portanto, um estilo de vida saudável e o cuidado com a saúde são os primeiros passos para a prevenção da disfunção erétil e até mesmo o  restabelecimento da atividade sexual.

São três os principais grandes grupos envolvidos na DE: o psicogênico, o orgânico e o misto (psicogênico/orgânico). Independente da causa, de maneira simplista, a disfunção erétil ocorre por um desequilíbrio entre a entrada de sangue para o corpo cavernoso e sua drenagem. O sangue arterial deve encher os corpos cavernosos e comprimir as veias responsáveis pela drenagem, resultando em ereção peniana. Já a flacidez peniana decorre da drenagem do sangue pelas veias penianas.

No grupo psicogênico, a DE pode ocorrer devido a estresse emocional, problemas de relacionamento conjugal ou familiar, problemas com emprego ou finanças, questões culturais, religiosas, ansiedade com o desempenho sexual, ou seja, situações pelas quais qualquer pessoa pode passar em determinados momentos da vida. Em alguns casos, a consulta médica e o esclarecimento da condição em que o paciente  encontra-se são suficientes para a resolução do problema. Outras vezes, necessita-se de uma abordagem mais aprofundada com a participação fundamental de um psicólogo ou sexólogo. Embora o surgimento dos medicamentos (como o sildenafil) tenha tornado a prescrição uma solução simples e rápida, a participação de outros profissionais é importante para o tratamento do centro do problema.

O grupo orgânico envolve causas diversas, como problemas arteriais, incluindo obstruções arteriais crônicas ou traumáticas e problemas neurológicos que envolvam o cérebro, a medula espinhal ou os nervos periféricos penianos. Problemas endócrinos como o hipogonadismo (diminuição da função testicular), a disfunção tireoidiana e a produção excessiva de prolactina podem levar não só à DE como também à diminuição de libido. Por isso, eles devem ser pesquisados. O uso de medicamentos como antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, assim como algumas classes de anti-hipertensivos (alguns diuréticos e betabloqueadores) também podem afetar a qualidade da ereção, mas em hipótese alguma devem ser suspensos por conta própria. Já o uso de drogas como cocaína e anfetamina afeta negativamente o mecanismo erétil.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico deve ser feito pelo urologista. Através de exame clínico e laboratorial, o profissional avaliará os fatores envolvidos, como o perfil lipídico e hormonal, as doenças arteriais, as cirurgias prévias – principalmente na região pélvica – e, sobretudo, a história sexual sobre a qualidade da ereção, os aspectos da ejaculação e da libido. 

Além da psicoterapia para os casos considerados psicogênicos, o tratamento de primeira linha inclui o uso de medicamentos inibidores da fosfodiesterase 5, como sildenafil, tadalafila, vardenafila e iodenafila. Eles têm efeitos semelhantes e funcionam como vasodilatadores do tecido vascular peniano, facilitando a ereção. Os efeitos colaterais mais comuns são cefaleia, rubor facial e congestão nasal. Esses medicamentos não devem ser utilizados em pacientes que usam nitratos (antianginosos).

Como terapia de segunda linha, na falha do medicamento oral ou por preferência do paciente, existe a opção da injeção intracavernosa, em que o próprio paciente administra o medicamento no pênis (após ajuste da dose ideal com o urologista). São utilizadas drogas como a papaverina, a prostaglandina E2 e a fentolamina, frequentemente em associações. O risco dessa terapia é o priapismo, ereção prolongada e que pode ser extremamente danosa à função erétil.

A terceira opção de tratamento é o implante de prótese peniana, reservada àqueles pacientes que não responderam às outras linhas de tratamento. As próteses são inseridas nos corpos cavernosos e podem ser utilizadas próteses maleáveis ou infláveis. Mais complexas, elas permitem tanto um estado de ereção quanto de flacidez, aproximando-se mais da condição fisiológica. Essa opção apresenta um custo bem mais elevado do que as outras.

O serviço de urologia do Hospital Vila da Serra, UROVILA funciona no 2º andar do hospital. Para mais informações, ligue: (31)3228-8300