Doenças renais: todo cuidado é pouco - Hospital Vila da Serra

Doenças renais: todo cuidado é pouco

Data da publicação: 12/07/2016

Doenças RenaisNa maioria das vezes, quando diagnosticadas, já estão em fase avançada. 

Um em cada 10 adultos, no Brasil, possui algum tipo de doença renal, sendo que 60% desconhecem essa situação. De acordo com a cardiologista e médica nuclear Ivana Sena, por se tratar de uma doença silenciosa, muitos indivíduos só procuram ajuda quando a doença já está num estágio mais avançado. Ela é coordenadora do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Vila da Serra, especialidade médica que auxilia no diagnóstico das enfermidades dos rins, através de exames de imagem.

 Os rins, informa, “são responsáveis pela depuração de nosso sangue e eliminação, através da urina, de substâncias não necessárias mais ao nosso organismo. Eles têm um importante papel no nosso metabolismo ou na manutenção, em níveis normais, de diversos componentes do nosso corpo, como o sal, o açúcar, as proteínas e os íons, como o cálcio e o potássio, o que chamamos de homeostase. Quando não funcionam direito, causam desequilíbrio em nosso metabolismo”.

Geralmente, as doenças renais são silenciosas e só descobertas já em estágio avançado. De acordo com a Dra. Ivana Sena, a melhor maneira de se identificar precocemente as doenças renais é através de exames de sangue e urina. “A dosagem da creatinina sanguínea nos permite calcular a taxa de filtração sanguínea dos rins, enquanto que o exame simples de urina, chamado de Urina 1 ou EAS, pode identificar a presença de sangue, proteínas, glicose ou outras substâncias que apontam para uma possível doença renal”.

O grande problema, ressalta, é que, apesar de serem exames baratos e amplamente disponíveis para a população, o desconhecimento dos sintomas que indicam doenças renais faz com que boa parte das pessoas não procurem atendimento médico para avaliação dos seus rins.

Além dos exames de sangue e urina, outros exames complementares, como o ultrassom abdominal, podem ajudar no diagnóstico. Permitem, inclusive, visualizar os rins e suas vias excretoras, esses exames complementares também avaliam outras estruturas abdominais, como o fígado, o pâncreas, o baço e intestinos.

Doenças mais comuns – Entre as doenças renais, a mais comum é a litíase, também conhecida por cálculo renal ou pedras nos rins. Ela é causada pela cristalização de sais minerais presentes na urina. Trata-se de uma enfermidade com incidência cada vez maior em todo o mundo, atingindo hoje 15% da população mundial. No Brasil, já atinge de 5% a 12% da população de ambos os sexos e de todas as faixas etárias, sendo mais comum nos homens, com prevalência entre os 20 e 40 anos de idade.

A litíase renal é considerada a nova epidemia mundial e está associada ao desenvolvimento de doenças crônicas extremamente frequentes, como os distúrbios do sistema cardiovascular. Novos estudos internacionais demostram que pacientes com cálculos renais têm mais chance de ter infarto agudo do miocárdio e derrames.

De acordo com recentes estudos, a formação dos cálculos renais acontece principalmente pela deposição dos cristais contendo cálcio no sistema urinário. Esta precipitação de cristais com cálcio também poderá ocorrer nas artérias coronarianas e intracranianas e causar calcificações nesses vasos, explicando, portanto, o risco aumentado de problemas cardiovasculares e derrames nesses pacientes. Outras doenças, como a hipertensão arterial, o diabetes, a síndrome metabólica e a insuficiência renal crônica, que pode levar a perda dos rins, também são fatores de risco para pessoas com cálculo renal, informa a médica.

Além do cálculo renal, são doenças renais comuns a nefrite – que caracteriza-se pela presença de albumina e sangue na urina, infecção urinária – cujos sintomas podem ser dor, ardência e urgência para urinar, febre, dor lombar e calafrios, entre outros, obstrução urinária – por impedimento da passagem da urina pelos canais urinários, por cálculos, aumento da próstata, tumores, estenoses de ureter e uretra, insuficiência renal aguda – causada por uma agressão repentina ao rim, por falta de sangue ou pressão para formar urina ou obstrução da via urinária, e insuficiência renal crônica – quando o rim sofre a ação de uma doença que deteriora de forma irreversível a função renal.

Diagnóstico precoce – “Muitas patologias renais podem ser congênitas, como os cistos, as mal formações renais e as alterações das vias urinárias, levando à dificuldade na eliminação da urina de dentro dos rins e, consequentemente, o seu acúmulo, de forma a causar uma  dilatação renal, a qual chamamos de hidronefrose”, acrescenta a médica, destacando a importância do diagnóstico precoce. Segundo ela, as doenças renais, se diagnosticadas precocemente, podem ser tratadas e os pacientes podem ser curados. Mas se não forem feitos diagnósticos e tratamentos corretos, essas doenças podem comprometer a função dos rins evoluindo, de tal forma, para uma insuficiência renal crônica, cujo tratamento, muitas vezes, será a hemodiálise, a diálise peritoneal, ou até mesmo o transplante renal”.

 Hoje, a Medicina Nuclear contribui em muito no diagnóstico das doenças renais com  a análise da função dos rins, como a Cintilografia Renal, em complemento a outros exames da Radiologia, como Ultrassom, RX, Tomografia e Ressonância, que são exames anatômicos e que mostram, com muita precisão, a forma, o volume e a presença de estruturas anômalas, como tumores, cistos, cálculos, nos rins.

Muitas crianças, por exemplo, ressalta a médica, “apresentam algum refluxo de urina da bexiga para os rins, o que pode provocar um comprometimento renal que chamamos de Nefropatia de Refluxo”. Estas crianças têm que ser acompanhadas com exames de imagens funcionais para avaliar se a doença irá regredir com o crescimento, se será necessária uma intervenção cirúrgica para prevenir uma doença renal futura, ou quando há lesão renal, se a lesão está progredindo ou não, quadros esses que podem ser identificados através da Cintilografia Renal.

Doenças crônicas – É importante destacar que as doenças renais podem se tornar crônicas. A estimativa é que no Brasil a enfermidade afete um em cada cinco homens e uma em cada quatro mulheres com idade entre 65 e 74 anos, sendo que metade da população com 75 anos ou mais sofre algum grau da doença. Hoje, a doença renal crônica atinge 10% da população mundial e afeta pessoas de todas as idades e raças.

Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que 100 mil pessoas fazem diálise no Brasil. Os números mostram ainda que 70% dos pacientes que fazem diálise descobrem a doença tardiamente. A taxa de mortalidade para quem enfrenta o tratamento é 15%.

 Nesse sentido, “recomendo a realização de exames periódicos, como um simples exame de urina, e o acompanhamento médico regular como forma de prevenção das doenças renais, uma vez que são geralmente silenciosas e muitas vezes, quando diagnosticadas, já estão em estagio avançado”, conclui.

O serviço de Medicina Nuclear do Hospital Vila da Serra funciona no 2º andar da Instituição e atende a pacientes internados e eletivos, por meio de atendimentos particulares ou por convênios. Mais informações: (31) 3228-8295.