Apendicite aguda na gravidez

Apendicite aguda na gravidez

Data da publicação: 01/04/2014

A apendicite aguda é uma inflamação usualmente causada pela obstrução da drenagem no apêndice cecal e consequente proliferação bacteriana. No início, o processo infeccioso é local, mas com o passar das horas pode ocorrer necrose do apêndice e infecção abdominal generalizada.

Normalmente, a inflamação manifesta-se por dor na parte alta do abdome, na região epigástrica, seguida de náusea e vômitos. Há tendência à irradiação e progressão da intensidade da dor, localizada na parte baixa e à direita do abdome. Também é frequente ocorrer perda de apetite, prostração e febre baixa. apendicite aguda na gravidez

Embora a incidência da apendicite aguda seja considerada a mesma entre mulheres grávidas e não grávidas, alguns estudos demonstram menor incidência nas gestantes, principalmente durante o terceiro trimestre. Por outro lado, 25% das mulheres grávidas diagnosticadas apresentam perfuração apendicular.

Os sintomas da apendicite aguda na gravidez assemelham-se àqueles encontrados em mulheres não-grávidas mas podem ser confundidos e relacionados ao processo gestacional, levando ao atraso do diagnóstico e, consequentemente, o tratamento da inflamação.

Outro fator que pode gerar confusão e dificuldades diagnósticas está relacionado ao tamanho do útero que, por consequência natural do seu crescimento pode provocar o deslocamento do apêndice cecal para regiões anatômicas pouco usuais, especialmente no terceiro trimestre gestacional.

Via de regra, o tratamento da apendicite aguda é cirúrgico e consiste na retirada do apêndice, denominada como apendicectomia. Trata-se da operação não obstétrica mais comum na gravidez, com incidência estimada entre 0,05% a 0,1%. O procedimento pode ser realizado de maneira convencional (por meio de incisão cirúrgica), ou por via videolaparoscópica.

A videolaparoscopia possui as vantagens de ser realizada com menor incisão, apresentar menor dor pós-operatória e retorno mais rápido às atividades diárias. Essa via de acesso cirúrgico garante menor manipulação uterina, com máxima exposição do campo cirúrgico e pode ser utilizada em pacientes que se encontram no último trimestre gestacional. Sua indicaçãoentretanto, deve ser cuidadosa e aplicada caso a caso, ou seja, de maneira individualizada.

Os principais efeitos associados à apendicite complicada na gravidez, ou seja, quando há processo infeccioso avançado e sinais de septicemia, são morte fetal e trabalho de parto prematuro. Felizmente, na grande maioria das vezes, o tratamento da apendicite aguda em pacientes gestantes é bem sucedido e a gravidez segue seu caminho natural.

Dr. Milhem Kansaon, membro da equipe de
cirurgia geral do Hospital Vila da Serra