Muito mais do que um problema ginecológico - Hospital Vila da Serra

Muito mais do que um problema ginecológico

Data da publicação: 12/11/2013

Dr. Marco Melo, diretor científico da Clínica Vilara

Entre nós ginecologistas, dizemos que devemos ser médicos não apenas centrados no aparelho geniturinário feminino, mas profissionais especializados na saúde geral da mulher. Um exemplo clássico de que devemos estar prontos para agir como promotores de saúde, observando cada detalhe do organismo, é a abordagem do ginecologista diante de uma paciente portadora da síndrome dos ovários policísticos (SOP).

Estima-se que cerca de 5% a 10% das mulheres em idade fértil de todo o mundo tenham essa enfermidade. A causa exata da SOP ainda é desconhecida. Atualmente, acredita-se que ela seja causada por uma herança poligênica (tendência genética ligada a alterações de vários genes), cuja manifestação clínica depende da interação entre essa predisposição genética e fatores ambientais, como o sobrepeso e/ ou obesidade, por exemplo. Um dado interessante é que filhas ou irmãs de portadoras da SOP têm 50% mais chance de desenvolver o problema.

Como diagnosticar  e o que fazer

O diagnóstico é feito pelas avaliações clínicas, físicas e através de exames complementares, como o ultrassom. O sintoma mais frequente é a alteração menstrual. Ciclos irregulares, esporádicos ou até mesmo ausentes estão presentes na grande maioria das pacientes.

É imprescindível que a mulher procure seu ginecologista para uma avaliação individual do caso. De modo geral, as recomendações incluem:

Mudança dos hábitos de vida: atividade física e redução de peso – A mulher com SOP deve procurar realizar, com regularidade, atividade física com o objetivo de melhorar suas condições cardiovasculares e como método para reduzir o sobrepeso/obesidade. Sabe-se que a redução de 5% do peso corporal já é suficiente para restabelecer ciclos com ovulação, restituindo a fertilidade e a regularidade menstrual.

Uso de medicações para regularizar ciclo menstrual – A mulher deverá procurar seu ginecologista para orientações. Segundo o seu desejo, ele julgará a necessidade de entrar com medicações para o controle da SOP.

A) Irregularidade menstrual sem desejo de gravidez: As medicações podem variar desde progestágenos, como o acetato de medroxiprogesterona ou a didrogesterona, até mesmo os anticoncepcionais.

B) Irregularidade menstrual com desejo de gravidez: Os indutores da ovulação deverão ser utilizados para esse intuito. Claro, com muito cuidado, uma vez que essas pacientes podem apresentar uma resposta excessiva à medicação, correndo o risco de uma hiperestimulação ovariana (alta resposta dos ovários à medicação com a formação de vários óvulos) e de uma gestação múltipla.

Alterações dermatológicas (hirsutismo, acne e seborréia)- Novamente, cabe ao ginecologista orientar o tratamento da paciente. Às vezes, não é necessário o tratamento especializado com o dermatologista. O uso de anticoncepcionais contendo a ciproterona podem reduzir bastante esses problemas.

Consequências

Conheça as consequências ginecológicas e metabólicas mais comuns

Consequências ginecológicas

Puberdade precoce: principalmente nas meninas obesas.

Redução da fertilidade: decorrente da redução da frequência da ovulação, que traz também a irregularidade menstrual.

Abortamentos: as possíveis causas são os distúrbios endócrino-metabólicos e uma possível pior qualidade dos óvulos das mulheres com a síndrome.

Complicações obstétricas: sabe-se que as portadores de SOP apresentam maior incidência de diabetes gestacional e pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial durante a gestação), complicações associadas aos distúrbios endócrino-metabólicos da SOP.

Câncer endometrial: como as mulheres (às vezes) ficam meses sem menstruar, o endométrio pode sofrer estímulo estrogênico excessivo sem a contraposição da progesterona, aumentando o risco de surgimento do câncer endometrial.

Consequências Metabólicas

Obesidade: até 60% a 70% das portadoras de SOP apresentam sobrepeso ou obesidade.

Diabetes: as pacientes portadoras da SOP apresentam maior chance de desenvolver o diabetes por um aumento da resistência periférica à insulina.

Distúrbios cardiovasculares: são decorrentes do conjunto de alterações endócrino-metabólicas presentes na SOP. A obesidade central e o aumento da resistência periférica à insulina predispõem ao surgimento da hipertensão arterial sistêmica (aumento da pressão).

A Clínica Vilara encontra-se disponível através do telefone: (31)3228-8233. Mais informações: www.clinicavilara.com.br