Obesidade e suas consequências - Hospital Vila da Serra

Obesidade e suas consequências

Data da publicação: 12/09/2014

Osteoartrite X  Obesidade

A osteoartrite (ou desgaste articular) ocorre por insuficiência da cartilagem e desequilíbrio entre a formação e a destruição, sendo associada a uma variedade de condições: sobrecarga mecânica, alterações bioquímicas e fatores genéticos. A obesidade é uma das causas de osteoartrite (OA) em várias articulações, incluindo as do quadril, do joelho e até mesmo das mãos. Pessoas obesas com OA experimentam mais dor, maior rigidez e pior função de sua doença do que indivídios com peso normal. Portanto, a perda de peso é uma estratégia eficaz para diminuir a dor e para melhorar a função dos pacientes com obesidade e osteoartrite. obesidade e suas consequencias

Uma vez que o excesso de peso gera uma sobrecarga nos membros inferiores, os obesos têm menor massa muscular e menos força, ou seja, há menos absorção de impacto e maior pressão sobre a cartilagem articular, o que leva a danos repetitivos. Embora isso não se aplique no caso das mãos, estudos recentes têm mostrado que pessoas com obesidade liberam mediadores inflamatórios nos tecidos, o que pode levar à degradação da cartilagem. Portanto, a obesidade provavelmente conduz a um aumento da osteoartrite, a partir de uma combinação de cargas mecânicas alteradas, e à inflamação sistêmica crônica.

Como as atividades são dolorosas, esses pacientes movem-se cada vez menos. A falta de exercícios aumenta ainda mais o peso, a atrofia muscular e a rigidez, o que acelera o desgaste articular e retroalimenta o processo. A limitação de movimento resultará em dificuldades não só para realizar atividades físicas, mas também domésticas e profissionais, trazendo piora na qualidade de vida. É necessário quebrar o ciclo vicioso a fim de possibilitar a perda de peso, o ganho de força e, consequentemente, reduzir a rigidez e a dor.

Tratamento

Pessoas com obesidade e osteoartrite beneficiam-se com a redução da dor de maneira proporcional à perda de peso. Em um recente estudo, os pacientes que perderam 20% do seu peso após a cirurgia bariátrica apresentaram uma redução de 50% na sua pontuação de dor. Portanto, este tipo de indivíduo deve definir uma meta inicial de perda de peso de 10%, sendo que quanto mais peso perdido, menor será a dor na articulação.

A pedra angular de qualquer plano de perda de peso é a dieta. Esta, quando associada com terapia comportamental (psicoterapia) tende a produzir resultados mais longos e duradouros.

Ao escolher uma dieta, as preferências alimentares do paciente devem ser consideradas, pois a baixa adesão a longo prazo levará a recuperação do peso. Consultar um nutricionista e um psicólogo pode ajudar a iniciar a perda de peso e, principalmente, evitar que ocorra o efeito-sanfona.

Vários estudos têm demonstrado que os exercícios físicos podem reduzir a dor associada à osteoartrite (OA). A atividade física promove também o fortalecimento muscular, alongamento e ganho de flexibilidade nas articulações.  Além da orientação médica, é importante o acompanhamento de um fisioterapeuta ou educador físico para o planejamento da atividade e para ajudar na adaptação de um programa adequado de exercícios, de acordo com as limitações e necessidades do paciente. Deve-se começar com exercícios de baixo impacto, como a hidroginástica,  pedalar bicicleta no terreno plano ou realizar caminhadas com um bom calçado amortecedor, para reduzir a sobrecarga sobre a articulação e evitar o abandono precoce da atividade.

Outra medida para auxiliar a redução de peso é o balão gástrico (BIG), um método de tratamento temporário (6 meses) que consiste na colocação de um balão de silicone no estômago por endoscopia. Ele promove a diminuição do apetite e o aumento da saciedade. Sua vantagem sobre a cirurgia é a possibilidade de ser retirado no caso de intolerância.

Outra ferramenta para perda de peso é a cirurgia bariátrica, que tem como objetivo reduzir a ingestão ou a absorção de alimentos pelo tubo digestivo. Ela é indicada para indivíduos com IMC > 40 kg/m2, com comorbidades que incluem hipertensão arterial, apnéia do sono ou diabetes. Como a  cirurgia possibilita a grande perda de peso, há uma diminuição significativa de dor no joelho e no quadril com osteoartrite.

Manter um peso normal é a melhor maneira de prevenir o desenvolvimento da osteoartrite (OA). Uma redução no IMC de duas unidades (diferença 5,1 kg de peso) durante um período de 10 anos diminui as chances de desenvolver a doença em 50%. Resumidamente, a perda de peso, através de um terapia de primeira linha, é primordial.

 

Dr. Otávio Melo Júnior, membro da equipe de ortopedia do Hospital Vila da Serra e especialista em joelho.