Vacinas contra o vírus do Papiloma Humano - HPV - Hospital Vila da Serra

Vacinas contra o vírus do Papiloma Humano – HPV

Data da publicação: 21/10/2014

Infecções causadas pelo HPV

A infecção causada pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) é considerada a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum. Embora os vírus infectam igualmente o epitélio (derme e mucosas) de ambos os sexos, as doenças associadas a ela apresentam-se de formas diferentes em homens e mulheres.

O HPV faz parte da família de vírus Papillomaviridae, dos quais já foram descritos e identificados mais de 100 genótipos, sendo pelo menos 40 deles associados à infecção de regiões genitais humanas. Destes, 15 tipos são altamente oncogênicos, permitindo que a infecção evolua para câncer em várias regiões do corpo, como no colo do útero, ânus, vulva, pênis, orofaringe e cavidade oral.

A transmissão do HPV ocorre através do contato direto com a pele infectada, mais comumente durante as relações sexuais, sendo que o uso do preservativo ajuda na redução da transmissão do vírus. Estima-se que 70% a 80% dos indivíduos sexualmente ativos serão infectados com um ou mais tipos de HPV ao longo da vida. A contaminação é mais frequente nos primeiros anos após o início da vida sexual e a evolução para algum tipo de câncer pode levar 10 anos ou mais, sendo que o câncer de colo do útero é constatado com maior frequência nas mulheres acima de 35 anos de idade.

É importante ressaltar que, embora qualquer pessoa infectada com HPV desenvolve anticorpos contra os vírus.. Dessa forma, os vírus tornam-se presentes no epitélio das regiões contaminadas, na forma transmissível e/ou evolutiva e podem trazer complicações tardias.

Quais os tipos de HPV apresentam risco de câncer?

Os vírus do HPV são classificados em tipos de baixo e de alto risco de câncer. Os de tipos 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais e papilomas da laringe, parecem não oferecer risco de progressão para malignidade, embora possam ser encontrados associados a alguns tumores malignos. Já os vírus de alto risco, os tipos 16, 18, 31, 33, 45, 58 e outros, têm probabilidade maior de persistir nos organismos humanos e estão associados a lesões pré-cancerígenas e cancerígenas. Infelizmente, preocupa-se o fato de que o HPV esteja relacionado com mais de 90% dos casos câncer de colo do útero.

Como é possível a prevenção contra o HPV?

A) Prevenção Primária:

1- Uso de preservativos. Eles ajudam a reduzir a transmissão dos vírus, embora não garantam a proteção total contra o contágio pelo HPV;

2- Vacinação contra o HPV.

B) Prevenção Secundária: 

1- Exame Papanicolau do colo do útero, que deve ser rotineiro após a iniciação sexual;

2- Exame Papanicolau do ânus, indicado para homens e mulheres que tiveram lesões pré-cancerígenas relacionadas ao HPV nas áreas genital e/ou anal, que mantêm relações sexuais anais, que sejam portadores do vírus HIV e a critério médico;

3- Colposcopia do colo do útero e do ânus, acompanhada de biopsia, o que permite confirmar o diagnóstico e definir o melhor tratamento.

Vacinação contra HPV

HPVExistem dois tipos de vacinas contra o HPV disponíveis no Brasil: a bivalente e a quadrivalente. Ambas protegem contra, no máximo, quatro tipos do vírus, entre os mais de 100 existentes. Conhecida também como Cervarix, a vacina bivalente protege contra os tipos 16 e 18, que são os principais causadores do câncer de colo de útero e outros cânceres genitais. A vacina quadrivalente, conhecida também como Gardasil, protege contra os sorotipos 6 e 11, que são responsáveis por 90% dos condilomas ou verrugas genitais e também contra os sorotipos 16 e 18, que são responsáveis por 70% dos cânceres de colo do útero.

O esquema vacinal de ambas as formulações preconiza a aplicação de três doses. Para a quadrivalente, o esquema vacinal é de 0 (data escolhida para o início da vacinação), 2 (dois) e 6 (seis) meses após a primeira dose. Para a bivalente, o esquema é: 0, 1 e 6 (seis) meses após a primeira dose.  Recomenda-se seguir o calendário vacinal o mais próximo possível das datas preconizadas. Contudo, caso ocorra atraso de alguns dias ou semanas, não há perda do efeito das vacinas e não é necessário repetir as doses já realizadas.

É preciso lembrar, entretanto, que as vacinas atuais são de uso exclusivamente preventivo, não tendo nenhum papel no tratamento de lesões genitais ou na eliminação de prévias infecções pelo HPV.

Uma vez que são aplicadas por via intramuscular (IM), as vacinas trazem efeitos colaterais. Os mais comuns são: dor no local de aplicação, febre, dores musculares e mal-estar geral. Há relatos esporádicos de síncopes após a aplicação da vacina, mas sem complicações. Embora este sintoma não pareça ter relação direta com a vacina do HPV, e sim com reações individuais de limiar de dor e medo da aplicação, qualquer efeito colateral deve ser reportado ao médico e à clínica ou serviço que realizou o procedimento.

As vacinas são amplamente estudadas, seguras e não causam a doença, podendo ser aplicadas a partir dos 9 anos de idade em meninas e meninos. Elas são contraindicadas para gestantes e, para os homens, recomenda-se somente a vacina quadrivalente na faixa etária de 9 a 26 anos. Para as demais mulheres, a vacina quadrivalente é recomendada de 9 a 26 anos e a bivalente a partir de 9 anos, sem limite de idade.

 A vacina é gratuita?

Em março de 2014, o Brasil incluiu a vacina quadrivalente (tipos 6,11,16 e 18) no calendário do Ministério da Saúde. Ela é distribuída de forma gratuita para meninas entre 11 e 13 anos de idade em esquema diferente do convencional. Ao invés da segunda dose ser ministrada dois meses após a primeira, ela é aplicada apenas seis meses depois, num esquema: 06 e 60 meses. Por isso, recomenda-se que a segunda dose seja feita dois meses após a primeira, nas clínicas particulares. O esquema completo vacinal de três doses aplicadas em seis meses da bivalente custa R$ 750,00 reais e o da quadrivalente custa R$ 900,00.

Qual a garantia de proteção após a vacinação?

A duração da imunidade conferida pelas vacinas bivalente e quadrivalente já está confirmada em estudos de médio prazo. A eficácia da vacina em meninas que não iniciaram atividade sexual e que receberam as três doses, de acordo com o esquema recomendado, pode chegar a 100%.

Conclusão

Apesar da excelente eficácia protetora verificada com as vacinas contra os vírus do HPV, existem barreiras que têm limitado o sucesso dos programas de vacinação em todos os países que adotam programas de prevenção coletivos. É preciso coordenar os altos recursos financeiros necessários para esse investimento, as dificuldades logísticas de operacionalização (como estoque e rede de frio) e a ampla informação acessível a todos os envolvidos na cadeia de prevenção: indivíduos expostos e suscetíveis (população brasileira), vacinologistas, médicos prescritores, indústria e laboratórios fabricantes, órgãos regulamentadores do Brasil e Ministério da Saúde.

 

Dra. Paula Távora, patologista clínica e diretora médica da Clínica de Imunização do Hospital Vila da Serra (Vacsim)