Confundida com infarto, síndrome de Takotsubo avança entre as mulheres
As doenças cardiovasculares matam mais as brasileiras do que o câncer de mama, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia: 54% das mulheres morrem por doenças do coração, enquanto o câncer de mama é a causa de morte de 14%. Com a pandemia, uma doença pouco falada vem avançando entre elas e pode ser confundida com infarto, trata-se da síndrome de Takotsubo, ou síndrome do coração partido.
Segundo a cardiologista do ambulatório de Tabagismo do Hospital Vila da Serra, Patrícia Lages, durante a pandemia houve um aumento de quatro a cinco vezes no diagnóstico dessa patologia, também observada em homens. “O estresse gerado pelo atual cenário, o medo do contágio do novo coronavírus, a perda de entes queridos, a piora da condição psico socioeconômica, tudo isso contribuiu para o agravamento da doença”, esclarece a médica.
Isso porque a síndrome de Takotsubo é uma cardiomiopatia induzida por estresse agudo e intenso. “Há uma descarga acentuada de adrenalina que causa uma desordem transitória, na maioria das vezes, e segmentar no ápice do ventrículo esquerdo”, informa Dra. Patrícia Lages.
Além da depressão, transtornos do humor e de ansiedade, a síndrome tem como fatores de risco hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia, obesidade, estado de mal epiléptico (EME) e história familiar de doenças cardiovasculares. “A menopausa também é um importante ponto de atenção, pois há uma relação entre o aparecimento da condição e a queda de estrógeno, hormônio feminino que protege os vasos do coração”, elucida.
A cardiologista do Hospital Vila da Serra descreve que o quadro clínico da síndrome de Takotsubo é semelhante ao infarto agudo do miocárdio, com falta de ar, dor no peito, sudorese, arritmias, fadiga e tontura, porém a diferença crucial é que no primeiro caso, durante análise pelo cateterismo, os vasos permanecem normais, sem obstrução, ou seja, não há entupimento nas artérias.
“Apesar de não haver tratamento específico para a condição, os medicamentos utilizados são praticamente os mesmos indicados em situações de insuficiência cardíaca associada ao infarto do miocárdio. Técnicas de relaxamento e meditação também podem trazer alguns benefícios”, acrescenta Dra. Patrícia Lages.