Estudo aponta causa da prevalência da doença de Alzheimer em mulheres - Hospital Vila da Serra

Estudo aponta causa da prevalência da doença de Alzheimer em mulheres

Data da publicação: 27/04/2022

Segundo um levantamento feito pela Academia Americana de Neurologia, quase dois terços das pessoas que vivem com o Alzheimer são mulheres. Um estudo publicado na revista científica Nature foi em busca das causas que colocam o grupo feminino como o mais suscetível a desenvolverem a doença. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Emory, da Escola de Medicina do Monte Sinai e da Academia Chinesa de Ciências observaram que a elevação do FSH – hormônio folículo-estimulante que atua no ciclo menstrual e na maturação dos óvulos na mulher – acelerou a formação de placas de proteínas beta-amiloides e tau, levando ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. 

A doença de Alzheimer representa o tipo de demência neurodegenerativa mais comum, contudo o diagnóstico precoce, ou a falta dele, é outro desafio. Pesquisa da Associação Americana de Alzheimer aponta que cerca de 4 a cada 5 pessoas desconhecem o termo Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), uma condição que pode ser indício precoce para o diagnóstico do Alzheimer, e é caracterizada por mudanças sutis na memória e no fluxo de pensamento. O estudo mostra que um terço das pessoas com CCL como uma manifestação inicial da doença de Alzheimer, evoluem para um quadro de demência em até cinco anos. 

De acordo com o neurologista do Hospital Vila da Serra, Dr. Galileu Chagas, em 95% dos casos a enfermidade costuma se manifestar após os 65 anos:  “O Alzheimer se inicia com um comprometimento da memória para fatos recentes e progride para o acometimento de outros domínios cognitivos. Os pacientes começam a ter problemas de memória associados a algum prejuízo funcional, isto é, à perda da capacidade de realizar atividades que antes faziam habitualmente. A avaliação de um neurologista é importante para que o diagnóstico seja feito precocemente”, orienta. 

Os trabalhos acima colocam luz sobre uma doença ainda cercada de incógnitas, mas Dr. Galileu Chagas explica que o principal fator de risco é história familiar.  

“O principal fator de risco é uma história familiar positiva. Entretanto, existem outros fatores que também acrescentam risco para o aparecimento de um quadro demencial, sendoos mesmos para infarto e AVC: pressão alta, diabetes, colesterol alto, obesidade, doença cerebrovascular, sedentarismo e consumo de cigarro. Estima-se que até um terço dos quadros de Alzheimer poderiam ser evitados se houvesse um controle desses fatores de risco reversíveis ao longo da vida, mas é necessário que sejam controlados décadas antes da velhice, especialmente entre 40 e 50 anos. Por isso, a recomendação é evitar o sedentarismo e a obesidade, não fumar, evitar o consumo em excesso de álcool e em caso de comorbidades vasculares, controlá-las junto ao seu médico. Para ajudar na prevenção, exercite o cérebro. Manter-se intelectualmente ativo cria uma reserva cognitiva”, alerta.  

A OMS (Organização Mundial da Saúde) avalia que mais de 55 milhões de pessoas acima de 65 anos vivem com demência, número que subirá para 78 milhões em 2030 e 139 milhões, em 2050. Apesar de não haver uma cura para a doença de Alzheimer, existem tratamentos que amenizam os sintomas. “As abordagens terapêuticas ajudam a controlar as manifestações comportamentais e cognitivas, como a perda da memória, melhorando a qualidade de vida do paciente. Recentemente foi aprovada pela agência americana FDA uma nova medicação, o Aducanumab. Porém, há muito debate no meio científico sobre os reais benefícios e riscos desse medicamento, de forma que seu uso ainda não foi aprovado pela Anvisa”, pondera o neurologista do Hospital Vila da Serra.