Miomas e a fertilidade feminina - Hospital Vila da Serra

Miomas e a fertilidade feminina

Data da publicação: 11/09/2014

Durante o Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia, acontecido em maio passado, realizamos nosso IV Simpósio Internacional, que teve como palestrante o Dr. Jaime Ferro, chefe da equipe de Cirurgia Laparoscópica do Instituto Valenciano de Infertilidade, maior centro de medicina reprodutiva da Europa, localizado na Espanha. O tema escolhido para este ano foi: “Manejo da Miomatose Uterina na Paciente Infértil”. Um assunto muito importante, uma vez que o mioma é o tumor benigno mais comum entre as mulheres.

Quando suspeitar de miomas? Sinais e sintomas

Aproximadamente 70% a 80% das portadoras de miomas não apresentam sintoma, embora o mais frequente seja o aumento do volume da menstruação, quer seja sua quantidade ou a sua duração, o que pode provocar anemia.

Outro sintoma provocado é a dor pélvica, uma dor no andar inferior do abdômen ou “no pé da barriga”. Na presença de miomas de grande tamanho, também pode ocorrer o aumento do volume abdominal.

Classificação

Miomas e a fertilidade feminina

Os miomas podem ser classificados de acordo com sua localização no útero: (1) submucoso, localizado logo abaixo do endométrio (que é o revestimento da cavidade uterina, onde se fixa o embrião); (2) intramural, na parede no útero e (3) subseroso, localizado na parte externa do útero.

De acordo com a localização, o número e o tamanho dos miomas, haverá maior ou menor comprometimento da fertilidade.

 Miomas e Infertilidade 

São comprovadamente causas de infertilidade:

Miomas submucosos: como estão localizados logo abaixo do endométrio, local onde ocorre a fixação do embrião, eles  podem comprometer a chegada de sangue para o embrião e/ou impedir a sua nidação, funcionando como um DIU e ocupando toda a cavidade uterina.

Miomas intramurais grandes (acima de 4cm): além de comprometer a anatomia uterina, podem provocar contrações da musculatura do útero, o que dificulta a fixação do embrião ao endométrio. Além disso, podem oferecer maior risco de complicações obstétricas, como sangramentos, abortamento e parto prematuro.

Miomatose uterina: consiste na presença de múltiplos miomas dispersos por todo o órgão, provocando um grande aumento do seu volume. Este problema também pode provocar contrações uterinas involuntárias e associar-se às mesmas complicações obstétricas descritas acima.

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O que fazer quando o mioma compromete a fertilidade?

Mioma submucoso: geralmente, seu tratamento é feito através da histeroscopia, procedimento realizado sem a necessidade de abrir o abdômen. Por meio de um cabo ótico introduzido dentro do útero, através da vagina, o cirurgião identifica e retira o mioma. O procedimento é rápido, indolor (feito sob anestesia), pouco invasivo e não é necessária a internação da paciente.

Mioma intramural grande: dependendo do tamanho e da habilidade do cirurgião, sua retirada poderá ser feita por meio da videolaparoscopia. Entretanto, os miomas acima de 8 a 10cm necessitam da laparotomia, cirurgia mais invasiva na qual é necessária a realização de uma incisão no abdômen. Pode-se também tentar um tratamento medicamentoso para reduzir o tamanho do mioma que, no entanto, volta a crescer após a suspensão do remédio.

Miomatose uterina: caso mais complexo. Seu tratamento cirúrgico pode envolver mais de uma intervenção para a resolução (muito rara) ou melhora do quadro da paciente. O uso de medicamentos pode ser feito na tentativa de reduzir o volume uterino, antes de uma gravidez. Entretanto, os resultados com ambos tratamentos são limitados.