Hospital Vila da Serra realiza evento sobre gestão

A 7º edição do Simpósio de Gestão do Hospital Vila da Serra realizado em novembro de 2018, na Associação Médica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, mais uma vez teve pleno êxito. Um temário atual, de grande interesse de profissionais da área de saúde, com palestrantes experientes em suas áreas de atuação, manteve a plateia atenta durante todo o evento. 

O presidente do HVS, Dr. Wagner Issa, deu as boas-vindas a todos já destacando a extensão dos problemas com que se deparam os profissionais de saúde e os pacientes: “Nos países desenvolvidos, têm sido relatadas taxas de erros no cuidado de saúde na faixa de 5% a 15% por internação hospitalar. Nos países em desenvolvimento ou em fase de transição, temos menos informações sobre o estado geral da segurança do paciente, devido à escassez de dados.  Precisamos de sistemas de notificação que sejam facilmente acessíveis a todos os profissionais de saúde e que facilitem o aprendizado”, informou. 

Para tornar o cuidado de saúde mais seguro, acrescentou, “devemos manter o foco no paciente. Com frequência nos confrontamos com relatos de erros no cuidado de saúde que afetam a vida de pessoas reais. Suas consequências são amplas: os erros podem destruir vidas, afetar as relações humanas e pôr em risco a confiança no sistema de saúde como um todo. Os pacientes são, com excessiva frequência, vítimas do cuidado inseguro, e o setor da saúde deve dar atenção aos seus pontos de vista. O ato de garantir um cuidado mais seguro representa um enorme desafio”, afirmou. 

Abrindo a sessão de palestras, a Dra. Filomena Camilo do Vale, pediatra intensivista da Santa Casa de Belo Horizonte, falou sobre “A Percepção da Qualidade pelo Paciente”.  

Segundo a médica, esta percepção começa no momento em que ele chega ao hospital. Um ambiente agradável, limpo e organizado com profissionais envolvidos e engajados, foram citados pela médica como muito importantes para um bom atendimento. Saber ouvir, além das palavras, observando atentamente o paciente, também é da maior importância para o êxito do tratamento.  

Em seguida, a palestra “Acreditação: Novo Modelo de Gestão com Foco no Paciente e Resultado” foi apresentada pelo Dr. Bruno Farras, Diretor Técnico do Instituto Qualisa de Gestão-IQG. 

Conforme o diretor, um dos principais desafios das instituições, em âmbito nacional, é que exista um entendimento e busca pela sustentabilidade e acrescentou que: “é necessário que se otimize processos e que exista uma cultura de qualidade e segurança dentro dessas organizações para que a partes assistenciais e estratégicas da empresa, convirjam”, enfatizou. 

Em sequência, Bruno Battaglia, especialista na Metodologia Lean, do Lean Institute Brasil, falou sobre “A Metodologia Lean Empregada no Setor Hospitalar Melhorando os Processos e Aportando valor aos Clientes/Pacientes”.  

De acordo com ele, a importância do Método Lean é levar o pensamento científico para a resolução de problemas. “O método Lean é muito intuitivo, as etapas são claras, a gente precisa identificar o problema, colocar as situações atuais, traçar objetivos, analisar as causas, propor medidas, criar um plano de ação e implementá-lo. Mas se não pensarmos na cultura que devemos ter na instituição para que isso aconteça, corremos o risco de falhar na adoção do método”, explicou.  

A palestra “Educação em Saúde: Por que Investir no Engajamento dos Pacientes no Processo do Cuidado” foi apresentada por Cristiano Cardoso, Avaliador Sênior do IQG das metodologias Qmentum, ONA e distinções.  

Para o avaliador, o mundo vive uma nova fase onde o acesso à informação é instantâneo e o paciente tem mais conhecimento de sua patologia, sobretudo realiza pesquisa prévia no famoso Dr. Google. Nesse sentido, o paciente espera do médico e dos demais profissionais de saúde um entendimento maior sobre quem é esse paciente como um todo e não somente tendo como foco a sua doença. 

Outro tema que chamou a atenção dos participantes foi a palestra ministrada pela enfermeira Eliana Argolo, consultora de projetos e educadora do Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente, sobre a Cultura Justa. 

Conforme a enfermeira, a Cultura Justa é um dos braços da cultura de segurança do paciente. “Ela é importante para que as instituições conheçam os seus problemas na essência, pensando nos eventos adversos, nos erros cometidos pelos profissionais de saúde que, na grande maioria das vezes, não são intencionais, para que se consiga nortear a tratativa desses incidentes“, salientou. 

O dia de debates foi finalizado com o emocionante relato do engenheiro Francisco Cruz Lima que perdeu sua filha, Júlia Lima de 27 anos, por suposto erro médico de uma equipe do Hospital Israelita Albert Einstein, em 2015.  

Depois do evento adverso que levou sua filha a óbito, o engenheiro encontrou forças para lutar e promover mudanças nos procedimentos e condutas dos profissionais sugerindo mudanças de comportamento como ouvir mais os pacientes e solicitar uma segunda opinião ao se deparar com um caso mais complexo.  

Sua luta culminou na criação do Programa de Segurança do Paciente, do Hospital Einstein.