Obesidade Feminina e Reprodução Humana
A elevada prevalência da obesidade em países desenvolvidos parece ser uma combinação de sedentarismo, maus hábitos alimentares e alta ingestão calórica. A obesidade aumenta a morbidade e a mortalidade, sendo resultado da associação de uma série de problemas, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, apnéia do sono, osteoartrite e câncer. No campo da ginecologia e reprodução, ela está relacionada a distúrbios da mesntruação e da ovulação, hirsutismo (excesso de pêlos nas mulheres), ovários policísticos e outras complicações obstétricas.
Problemas para engravidar são três vezes mais freqüentes entre mulheres obesas, sendo que a presença da obesidade central (acúmulo de gordura na região abdominal) é a de pior prognóstico. Em ciclos de fertilização in vitro (FIV), a necessidade de doses mais elevadas de indutores da ovulação, a maior duração da estimulação ovariana e a menor resposta do ovário à medicação são mais comuns entre as pacientes obesas e a qualidade do óvulo também parece ser afetada pela obesidade. Essas complicações são causadas por uma maior resistência aos hormônios estimuladores da ovulação, resultado de alterações na farmacocinética das drogas utilizadas em ciclos de estimulação ovariana, tanto por um problema da absorção como de distribuição.
Finalmente, as mulheres obesas têm maiores taxas de complicações obstétricas. Diante do exposto, fica clara a necessidade do cuidado holístico da mulher que deseja ser mãe. Cabe assim, aos ginecologistas, orientar as pacientes que se encontram fora do peso ideal a tomar uma medida que vise não somente uma melhora estética, mas de sua saúde como um todo.
Colaboração: Dr. Marco Melo – diretor científico da Clínica Vilara – Centro de Reprodução Assistida do Hospital Vila da Serra