Prevenção e avanços no tratamento da obesidade - Hospital Vila da Serra

Prevenção e avanços no tratamento da obesidade

Data da publicação: 13/09/2016

clinica-vilara-facebook-obesidadeA obesidade é uma doença que pode trazer sérias consequências para mulheres, homens e crianças. Cada vez mais a mídia brasileira e mundial alerta à população. Entretanto, mesmo com toda essa divulgação, aumenta o número de pessoas obesas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – SBCBM. Tal declaração pode ser confirmada ao se observar a quantidade de obesos andando pelas ruas, restaurantes, nos transportes públicos e em diversos espaços de qualquer cidade do país.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade atinge 600 milhões de pessoas no mundo, sendo 30 milhões somente no Brasil. Se for incluída a população com sobrepeso, esse número aumenta para 1,9 bilhão de pessoas no mundo e 95 milhões de brasileiros. A OMS projeta um cenário ainda pior para os próximos anos.

Estima-se que, em 2015 haverá 2,3 bilhões de pessoas com excesso de peso e 700 milhões de obesos no mundo inteiro.

Nessa entrevista, o Dr. Luiz Gonzaga Torres Junior, membro da equipe de Cirurgia Geral do Hospital Vila da Serra e especialista em cirurgia pediátrica, fala sobre a realidade da doença.

Dr. Luiz Gonzaga, o que é obesidade?

A obesidade é uma doença caracterizada pelo excesso de gordura no corpo. O acúmulo ocorre quando a oferta de calorias é maior que o gasto de energia corporal e resulta frequentemente em sérios prejuízos à saúde.  Ela é aferida pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado pela relação entre o peso e a altura. As pessoas com IMC acima de 30 kg/m² são obesas e acima de 40 kg/m², são consideradas obesas mórbidas.

Quais as principais causas?

São vários fatores que resultam da interação de fatores genéticos, ambientais e emocionais, além do estilo de vida do indivíduo. Os hábitos de vida contemporânea favorecem o consumo exagerado de alimentos de alto valor calórico, mas com pobre valor nutricional. Essa ingestão excessiva também pode ser desencadeada por transtornos de compulsão alimentar. O sedentarismo é outra causa indutora da obesidade. É necessário tentar incluir atividades físicas regulares na rotina diária. O gasto energético vem diminuindo com os confortos da vida moderna, como controles remotos de TV, elevadores, automóveis, escadas rolantes etc. Pesquisas mostram a relação entre herança genética e obesidade. Normalmente, pais com peso normal têm em média 10% dos filhos obesos. Quando um dos pais é obeso, 50% dos filhos certamente o serão. E, quando ambos os pais são obesos, esse número pode subir para 80%. Também alterações nas funções das glândulas tireoide, suprarrenais e da região do hipotálamo podem provocar a obesidade.

Quando a cirurgia bariátrica é indicada?

 Ela é indicada para pacientes com IMC acima de 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m², quando associado a outras doenças (com morbidades associadas), e que não tiveram sucesso com tratamentos não cirúrgicos para emagrecer.

Como se prevenir da obesidade?

Apesar da relevância dos fatores genéticos no desenvolvimento da obesidade, essa situação pode ser evitada, a começar pela educação das crianças dentro de casa e na escola. Deve-se optar sempre por refeições e lanches saudáveis, e, de preferência, não comprar alimentos industrializados e ricos em gordura. Doces, frituras, refrigerantes e até bebidas alcoólicas podem ser consumidos, mas em ocasiões específicas e sempre com moderação. Além da alimentação saudável, rica em carnes magras, vegetais, frutas e massas integrais, deve-se manter a prática regular de exercícios físicos. Atividades como esportes coletivos, corrida, dança, caminhada e ciclismo, por exemplo, além de fazerem bem ao corpo, são fontes de prazer e socialização.

 Qual é o passo a passo para se livrar do excesso de peso?

Primeiro deve-se procurar acompanhamento multiprofissional com endocrinologista, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta e educador físico. O objetivo é tentar identificar os fatores desencadeantes da obesidade e realizar um novo projeto de vida, com metas a alcançar. É preciso ter persistência e paciência para se ter sucesso neste tratamento. O objetivo é conscientizar o paciente da necessidade de trocar o sedentarismo e a má alimentação por hábitos de vida mais saudáveis que contemplem atividade física e dieta balanceada. Nos casos em que a obesidade traz prejuízos à saúde e o tratamento clínico se mostra ineficaz, o tratamento cirúrgico deve ser considerado. O método é conhecido popularmente como “redução de estômago”, mas vai muito além. Existem vários tipos de cirurgias disponíveis e cabe ao médico apresentá-los ao paciente e recomendar o mais apropriado e seguro.

Nesse caso, quando a cirurgia bariátrica é indicada?

A cirurgia bariátrica e metabólica – também conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago – reúne técnicas com respaldo científico destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele. O conceito metabólico foi incorporado há cerca de seis anos pela importância que a cirurgia adquiriu no tratamento de doenças causadas, agravadas ou cujo tratamento/controle é dificultado pelo excesso de peso ou facilitado pela perda de peso – como o diabetes e a hipertensão –, também chamadas de comorbidades.

Ela é indicada para pacientes com IMC acima de 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m², com morbidades associadas, e que não tiveram sucesso com tratamentos não cirúrgicos para emagrecer. Ela reúne técnicas com respaldo científico destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele. O conceito metabólico foi incorporado há cerca de seis anos pela importância que a cirurgia adquiriu no tratamento de doenças causadas, agravadas ou cujo tratamento/controle é dificultado pelo excesso de peso ou facilitado pela perda de peso – como o diabetes e a hipertensão –, também chamadas de comorbidades. Agora, em 2016, o Conselho Federal de Medicina publicou no Diário Oficial da União, a Resolução n° 2.131/15, que aumenta o rol de comorbidades para indicação de cirurgia bariátrica em pacientes com índice de massa corporal entre 35kg/m² e 40kg/m². O novo texto altera o anexo da Resolução n° 1.942/10 e acrescenta outras doenças associadas à obesidade como, depressão, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva, infertilidade masculina e feminina, entre outras. Além das comorbidades, a Resolução também apresenta alterações na idade mínima para a realização da operação. Antes, pacientes entre 16 e 18 anos podiam fazer a cirurgia, desde que a relação custo/benefício fosse analisada. Agora, foi acrescido ao texto a presença de um pediatra na equipe multidisciplinar. Em menores de 16 anos a cirurgia será permitida somente em caráter experimental e dentro dos protocolos do sistema CEP/Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

Há mais doenças incluídas no rol dessa nova Resolução?

Sim, além de comorbidades como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronária, osteo-artrites, consta, agora, na nova resolução a inclusão de doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale ( síndrome de hiperventilação) e síndrome de hipoventilação), asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade masculina e feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática, estigmatização social e depressão.

Quais os tipos de cirurgia existentes para esse caso?

As cirurgias diferenciam-se pelo mecanismo de funcionamento. Existem três procedimentos básicos da cirurgia bariátrica e metabólica, que podem ser feitos por abordagem aberta ou por videolaparoscopia (menos invasiva e mais confortável ao paciente):
Restritivos – que diminuem a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de comportar como a “Sleeve” ou gastrectomia vertical.

Disabsortivos – que reduzem a capacidade de absorção do intestino.

Técnicas mistas – com pequeno grau de restrição e desvio curto do intestino com discreta má absorção de alimentos, como bypass ou Fobi-Capela.

E a cirurgia laparoscópica?

Ela representa uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina. No tratamento da obesidade, as cirurgias do gênero se diferenciam da convencional (aberta: laparotomia), em função do acesso utilizado. Na cirurgia aberta, o médico precisa fazer um corte de 10 a 20 centímetros no abdômen do paciente. Na videolaparoscopia são feitas cinco mini incisões de 0,5 a 1,2 centímetros cada uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo. Das quase 60 mil cirurgias bariátricas realizadas em 2010 no Brasil, 35% foram feitas via videolaparoscopia. A taxa de mortalidade média é de apenas 0,23% – abaixo do índice de 1% estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) –, contra 0,8% a 1% da cirurgia aberta (laparotomia). Vale lembrar que em algumas situações, o cirurgião precisa converter a videolaparoscopia em cirurgia aberta. Essa decisão é baseada em critérios de segurança e só pode ser tomada durante o ato operatório.

Mais informações e agendamento de consultas com a equipe de Cirurgia Geral do Hospital Vila da Serra através do 4020-5069