A humanização é fator de sucesso na UTI Adulto
A UTI Adulto do Hospital Vila da Serra acredita no potencial do processo de humanizar e investe na vivência interdisciplinar participativa. As prioridades são a valorização da equipe, a comunicação, a qualidade na atenção e a promoção de um ambiente acolhedor. Assim, as funções são delegadas e cada profissional, ao sentir a responsabilidade que nele foi depositada, passa a adotar uma atitude de autonomia e, ao mesmo tempo, de interdependência, demonstrando seu comprometimento e respeito pelos colegas.
Como o objetivo é valorizar e integrar a equipe, buscando aumentar a segurança nos processos, fez-se necessária a inclusão de reuniões diárias com a participação do coordenador, do Horizontal e dos plantonistas do noturno e do diurno, bem como da presença de, no mínimo, um representante dos serviços de Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Fonoaudiologia ou Farmácia. “A diversidade de saberes e visões favorece a discussão, a troca de informações e de interpretações, propiciando uma maior geração de ideias e de confiança nas decisões”, explica a psicóloga Lilian.
Segundo o intensivista Frederico R. Anselmo, a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre pesquisou a eficiência dessa ferramenta e constatou que a taxa de mortalidade no grupo onde havia apenas passagem de plantão foi de 26%. Já no Grupo da UTI onde havia discussões interdisciplinares diárias e sistematizadas a taxa caiu para 13%. “A base do processo de humanizar é considerar o indivíduo como único. O paciente é atendido nos pedidos de ordem legal ou pessoal que julgar importante”, explica Lilian Conciliam-se desejos desde que não comprometam a segurança do paciente nem transponham as barreiras legais.
“Avaliamos a rotina alimentar do paciente, suas preferências e intolerâncias e, a partir daí, adaptamos a dieta hospitalar padrão, visando aproximá-la ao máximo possível da habitual”, afirmam as nutricionistas do Hospital Vila da Serra, Cláudia França e Gabriela Vieira. Elas contam que, desta forma, é possível fazer com que o paciente se alimente melhor e com maior prazer durante a internação.
Outro elemento importante é a família. Diante do momento vivenciado, ela também necessita de cuidados intensivos. Um dos segredos da humanização é compreender as reações emocionais dos familiares, identificar e minimizar as situações estressantes e validar a assimilação das informações, transformando a família em aliada e colaboradora no cuidado com o paciente.
A fisioterapeuta Daniela Moutinho conta que os profissionais buscam retirar o mais precocemente possível o paciente do leito e fazê-lo deambular assim que o mesmo for capaz. “Também orientamos o acompanhante no auxílio ao paciente, fazendo-o se sentir ativo e colaborador na recuperação”, acrescenta.
Essas ações formam uma aliança terapêutica. Os familiares passam a contribuir para o restabelecimento do paciente, atuando, por exemplo, como elemento terapêutico essencial na prevenção do delirium. Sabe-se que esse é o principal distúrbio de comportamento que ocorre na UTI. A disfunção aumenta o tempo de internação hospitalar, eleva a possibilidade de desencadear demência aos maiores de 60 anos e potencializa a probabilidade de morbidade e mortalidade no primeiro ano pós alta. “Estamos preparados para atuar na prevenção, cumprimos com os cuidados clínicos indicados, priorizamos os boxes com janelas, liberamos acompanhante e facilitamos o contato com a família”, afirma a enfermeira Iara Aline da Cruz.
Pioneirismo na recuperação do paciente
A UTI Adulto do HVS orgulha-se em ser pioneira frente à tendência atual da “UTI Aberta”. Além dos três horários de visitas, avalia-se e libera-se um acompanhante por período diurno para idosos conscientes e mulheres com enfermidade relacionada à maternidade. Já aos adolescentes até 18 anos proporcionam-se condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsáveis. Nas demais situações, as psicólogas analisam qual paciente poderá beneficiar-se com a presença de acompanhante. Essa flexibilidade só é possível graças ao comprometimento de toda a equipe em acolher os familiares. “Um dos diferenciais é o preparo e acompanhamento da criança para visita ao paciente, quando observamos o desejo e o benefício para ambos,” pontua a psicanalista Margarida Gontijo.
Conclui-se que o processo de humanização da UTI Adulto inicia-se com a valorização da equipe de saúde, que tem como alicerces os vínculos baseados na confiança e no respeito. A consequência disso é facilmente percebida no acolhimento.
Atender com qualidade não significa apenas tratar da doença, mas humanizar o serviço, cuidando do indivíduo e de sua família.
Autor do artigo: Psicóloga Lilian Almeida Couto Viana.