A responsabilidade do médico na escolha da prótese mamária
Cirurgiões do Vila optam por marcas tradicionais e lembram que não há relação entre o câncer de mama e a implantação das próteses
A recente notificação sobre os resultados de testes laboratoriais envolvendo as marcas de próteses mamárias Poly Implant Prothese (PIP), da França, e Rofil, da Holanda, serviu de alerta para os médicos redobrarem os cuidados na hora da seleção dos materiais a serem implantados nas suas pacientes. O estudo indicou o comprometimento da resistência do revestimento das próteses e mostrou que o silicone utilizado para preenchê-las, ao contrário do que havia sido autorizado para o uso em saúde, era mais fluido, o que poderia causar irritação durante um eventual vazamento.
Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) seja oficialmente o órgão responsável por avaliar a qualidade do material, conceder o registro e autorizar a comercialização das próteses no Brasil, “cabe ao médico a responsabilidade pelo implante”. Com essa observação, o cirurgião plástico e coordenador do Serviço de Cirurgia Plástica do HVS, Dr. Leandro Garcia de Carvalho Gonçalves, ressalta que ele procura trabalhar com marcas não apenas autorizadas pela ANVISA, mas que também possuam nome e tempo consolidados no mercado. “É preciso que a empresa exista e tenha referência do produto caso seja preciso substituir a prótese daqui há uns dez anos, por exemplo”, explica o médico, que também é coordenador da Residência Médica em Cirurgia Plástica do Hospital Universitário São José e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
O cirurgião conta que opta por não utilizar as próteses mamárias chinesas que estão chegando no mercado brasileiro. “Embora elas sejam mais baratas, eu prefiro a segurança de quem fabrica com mais experiência”, comenta. Gonçalves considera o caso PIP e Rofil como fatos isolados e observa que as próteses de marcas tradicionais no mercado estão cada vez mais modernas, justamente por causa da qualidade do revestimento, que proporciona índices menores de complicações.
A importância do acompanhamento
O cirurgião plástico destaca que tendo prótese ou não, é necessário o “follow up” do câncer de mama. Ou seja: a visita anual ao especialista e o exame de mamografia. Ele reforça que não existe nenhuma relação entre câncer de mama e implantação das próteses mamárias. “Já existem estudos mostrando que as mulheres com próteses mamárias têm menor disposição para o câncer de mama por vários motivos, entre eles, estão a melhor relação com a mama e a redução de tecido mamário”, acrescenta.
Não há risco de câncer de mama mesmo no caso específico das mulheres que implantaram próteses das marcas PIP e Rofil. De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em comunicado oficial, “os testes laboratoriais descartaram risco de toxidade e câncer”. Em outro comunicado, a SBCP recomenda que os portadores de próteses dessas duas marcas (desde 2004) sejam convocados para exame e acompanhamento. Estima-se que no Brasil tenham sido implantadas cerca de 30 mil delas.
Independente da marca, Gonçalves lembra que nenhuma prótese é para sempre. Embora não prevaleça mais a norma de troca a cada dez anos, o material deve ser substituído quando apresentar algum problema ou caso a paciente deseje trocá-lo por questões estéticas. “Nenhuma prótese é eterna. O importante é o acompanhamento”, finaliza.
Autor: Dr. Leandro Garcia membro do serviço de cirurgia plástica do HVS