A importância da Cintilografia Óssea na identificação precoce de tumores

A importância da Cintilografia Óssea na identificação precoce de tumores cancerígenos

Data da publicação: 22/10/2018

Todos nós conhecemos pessoas que têm Câncer e também pacientes que morreram vítimas da doença, que atinge adultos, idosos e crianças. Por essa razão, as campanhas educativas de prevenção são crescentes e estão no calendário de diversas entidades da área médica, durante todo o ano.  Entre as formas de diagnóstico, o exame de Cintilografia óssea, é um dos mais importante. 

 

Nessa entrevista, as médicas Ivana Sena, Coordenadora do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Vila da Serra e do Grupo de Estudos de Cardiologia Nuclear da Sociedade Mineira de Cardiologia, e Luciana Araújo de Carvalho, membro do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Vila da Serra, abordam a questão do Câncer no Brasil, seu crescimento, os tumores mais comuns, prevenção e tratamentos, destacando a importância da Cintilografia óssea. 

 

 O Câncer é um problema de saúde pública?  

Com base no documento World Câncer Report/2014, da International Agency for Research on Cancer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS), é inquestionável que o Câncer é um problema de saúde pública entre os países em desenvolvimento. A expectativa é que, nas próximas décadas, o impacto do Câncer na população corresponda a 80% dos mais de 20 milhões de casos novos estimados para 2025. 

 

 Quais os tumores mais comuns no mundo?  

Os tipos de Câncer mais incidentes no mundo têm sido os de: Pulmão (1,8 milhão), Mama (1,7 milhão), Intestino (1,4 milhão) e Próstata (1,1 milhão). Proporcionalmente falando, nos homens, os mais frequentes são os de: Pulmão (16,7%), Próstata (15,0%), Intestino (10,0%), Estômago (8,5%) e Fígado (7,5%). Nas mulheres, os de: Mama (25,2%), Intestino (9,2%), Pulmão (8,7%), Colo do útero (7,9%) e Estômago (4,8%). 

 

 E no Brasil?  

A estimativa para o Brasil, biênio 2016-2017, é de aproximadamente 600 mil novos casos, sendo 180 mil casos de Câncer de pele não melanoma e os demais 420 mil novos casos diversos. O perfil Epidemiológico observado do Brasil assemelha-se ao da América Latina e do Caribe, onde os tumores mais frequentes são os de: Próstata (61 mil) em homens, e de Mama (58 mil), em mulheres. Sem contar o Câncer de pele não melanoma, os tipos mais comuns, percentualmente falando, são em homens: Próstata (28,6%), Pulmão (8,1%), Intestino (7,8%), Estômago (6,0%) e Cavidade oral (5,2%), e em mulheres: Mama (28,1%), Intestino (8,6%), Colo do útero (7,9%), Pulmão (5,3%) e Estômago (3,7%). Esses figuraram entre os principais. 

 

 A Cintilografia óssea é um exame de diagnóstico cada vez mais aprimorado. Como funciona? 

Esse exame é uma forma de diagnóstico por imagem que avalia funcionalmente os órgãos, e não apenas sua morfologia. Para sua realização, é administrado ao paciente uma injeção intravenosa de radiofármaco 99mTc-MDP, que, após um intervalo em média de duas horas, é captado pelo tecido ósseo normal e patológico. Esta captação anormal pode ser maior (lesões com aumento do metabolismo ósseo), ou menor (lesões líticas) do que a observada no osso normal. Para registrar as áreas de captação do material radioativo é utilizada uma câmera especial, que detecta a radioatividade e cria uma imagem do esqueleto. A captação óssea nas imagens é proporcional à atividade metabólica no osso.  A Cintilografia pode detectar variações de até 5% no metabolismo ósseo, geralmente precedendo as alterações radiológicas, oferecendo alta sensibilidade e baixa dose de radiação mesmo na varredura de todo o esqueleto. A injeção do material radioativo é a única parte desconfortável desse exame. O material radioativo é eliminado pela urina e a quantidade de radioatividade utilizada é baixa, não oferendo risco para o paciente ou para pessoas próximas.

Este exame mostra se a doença se disseminou para outros ossos, além de destacar o dano que o tumor primário causou no osso.  

 

Em geral, quais são as condições de saúde que podem ser avaliadas pela Cintilografia óssea?  

Segundo fonte do Instituto Oncoguia, os exames de Cintilografia óssea de corpo inteiro são usados para o diagnóstico de algumas condições de saúde, tais como: Tumor ósseo ou Câncer; se há metástase, ou seja, se um Câncer que começou em outro lugar do corpo se espalhou para os ossos. Nesses casos, os tumores mais comuns que se espalham para os ossos são: o Câncer de Mama, o de Pulmão, da Próstata, da Tireóide e dos Rins. A Cintilografia óssea pode também diagnosticar uma fratura, quando ela não pode ser vista em um Raio X normal e que pode estar irradiando dores para outras partes do corpo, dificultando o diagnóstico preciso da origem da dor. Como exemplo, podemos citar as fraturas do quadril, fraturas por estresse nos pés ou pernas, ou fraturas da coluna. Além disso, o exame pode diagnosticar também uma infecção óssea (Osteomielite), e a causa da dor óssea quando nenhuma outra causa foi identificada, bem como avaliar distúrbios metabólicos, tais como a Osteomalacia, Hiperparatiroidismo primário, Osteoporose, Síndrome de dor regional complexa e a doença de Paget. 

 

Há outros benefícios do exame? 

Sim. 

Uma das vantagens da Cintilografia óssea é a sua alta sensibilidade, o que possibilita a detecção precoce de várias doenças e uma rápida avaliação de todo e o esqueleto ao mapeá-lo todo através do radiofármaco, revelando, assim, se a lesão provocada é única ou múltipla. Essa técnica, por ser mais sensível, permite detectar lesões com até quatro meses de antecipação em relação à radiografia simples, por exemplo, o Câncer de Próstata. Com relação a esse tumor, inclusive, o exame é o melhor método para detecção de metástase óssea. Além do estudo para identificar as lesões metastáticas em todo esqueleto, esse método nos permite ao mesmo tempo identificar lesões que causam sintomas e avaliar áreas de possível risco de fraturas. Nos demais exames por imagem é necessário que haja um comprometimento grande do conteúdo mineral ósseo para que se torne visível. 

 

E quais os riscos? 

Vejamos algumas situações: Se a pessoa estiver grávida ou amamentando, o exame pode ser adiado. Para evitar expor o bebe durante a amamentação, o leite materno deve ser reservado para os próximos dois dias. A quantidade de radiação injetado na veia é muito pequena e de baixíssimo risco. A radiação desaparece do corpo em 24 horas. O radiofármaco, que é usado, expõe o indivíduo a uma quantidade muito pequena de radiação. O medo de consultas médicas e seus resultados pode deixar familiares e pacientes afastados de importantes passos no tratamento de uma doença. Por isso, é importante vencer esses medos  com o conhecimento, pesquisando e conversando com seu médico.