Cirurgia de Reconstrução Mamária exige trabalho multidisciplinar
A reconstrução mamária imediata, procedimento cada vez mais frequente em Minas Gerais e no País, tem sido alvo de discussão no meio médico de especialidades afins, como a mastologia e a cirurgia plástica. A questão central é: de quem é a responsabilidade no ato de reconstruir as sequelas provocadas pela mastectomia ou até mesmo das tumorectomias mamária?
A Dra. Vívian Lemos, membro da equipe de cirurgia plástica do Hospital Via da Serra e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que a reconstrução mamária tem como objetivo dar um contorno mamário após a realização da retirada total da glândula mamária ou parte dela. “São várias as possibilidades de reparação, porém a realização imediata da reconstrução é ponderada pela extensão e gravidade da patologia mamária.”
De acordo com ela “tumores atingindo a pele da mama deverão ser ressecados de forma ampla, então é possível dispor apenas dos expansores e aguardar o final do tratamento oncológico para aí sim pensar em uma reconstrução definitiva. Em contrapartida, tumores menores e localizados mais profundamente, podem ser retirados poupando pele (mastectomias poupadoras de pele) e aí as próteses podem oferecer uma contorno mais apropriado.”.
A cirurgiã plástica salienta ainda que “os retalhos locais ou à distância e os enxertos de gordura filetados são técnicas que a equipe de Cirurgia plástica do Hospital Vila da Serra defende o uso em um momento posterior ao tratamento oncológico por se tratar de reconstruções maiores que necessitarão da participação da paciente a fim de atender as expectativas de uma nova mama.
Câncer de Mama
A Dra. Vívian Lemos ressalta ainda que o câncer de mama na mulher, que atinge uma idade cada vez mais precoce, é de tratamento complexo por envolver vários fatores para sua determinação. Dentre esses fatores, informa, “temos o tipo histológico, localização, tamanho, oncogenes envolvidos que, quando solicitado o mapeamento, podem ajudar a definir o seguimento oncológico das pacientes acometidas. Uma vez determinado, o procedimento cirúrgico pode ser necessário e deverá ser discutido com a paciente as diversas possibilidades de reparação: retalhos locais ou à distância, uso de implantes, sejam eles temporários ou permanentes, tanto pós-mastectomias ou no tratamento conservador.”
“As possíveis complicações nestes procedimentos devem ser esclarecidas de forma simples e detalhada. Afinal, o foco é o tratamento oncológico. Possibilidade de hematomas, sofrimento cutâneo, extrusão dos implantes ou sofrimento dos retalhos confeccionados são algumas das complicações a serem discutidas mediante a indicação de reconstrução mamária”, salienta.
A cirurgiã plástica destaca que “independente da formação e da excelência do profissional envolvido, o mais difícil é conduzir um pós-operatório eminentemente oncológico, porém com uma expectativa enorme por parte da paciente em ter sua vida retomada através da reconstrução da sua mama.”.
Não há dúvida, frisa, que a reconstrução imediata da mama tem um impacto importante na sobrevida das pacientes , independente da idade, pela melhora da autoestima em um momento de mutilação. “Mas as complicações possíveis são muitas e devem ser colocadas pelo mastologista e pelo cirurgião plástico. Dividir a responsabilidade de um ato cirúrgico tão complexo reflete em conforto e segurança para as pacientes envolvidas”, enfatiza.
A médica que a cirurgia plástica e a mastologia têm formações cirúrgicas distintas, mas que se complementam no que diz respeito às reparações da topografia mamária. “O olhar oncológico do mastologista, que se propõe a indicar a reconstrução imediata da mama, deve ser crítico para que a possível cura da paciente não seja substituída apenas pelos aspectos estéticos ao final da cirurgia. Para isto, a cirurgia plástica se coloca à disposição da mastologia e pondera procedimentos de menor risco sem dispor da estética. Nesse sentido, o trabalho multidisciplinar, pontua, conduz o tratamento desta patologia como o melhor das duas especialidades cirúrgicas. Ao mastologista, compete a possibilidade da cura e ao cirurgião plástico, a melhora da autoestima. É com este objetivo que o Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Vila da Serra atende as pacientes encaminhadas pela Clínica de Mastologia da instituição”, conclui a cirurgiã plástica.