Escoliose da criança e do adolescente
A escoliose idiopática é uma deformidade da coluna vertebral que tem como característica uma alteração em sua estrutura, de maneira a alterar a posição do tronco, peito/dorso ou costas, em uma curvatura lateral, informa o ortopedista Marcos Antônio Ferreira Júnior, do Hospital Via da Serra, ao observar que este desvio ocorre em crianças e em adolescentes previamente saudáveis e para qual ainda não há uma causa definida. Nesse sentido, entre os grandes desafios do cirurgião de coluna está justamente o tratamento dessa anomalia, que pode ser classificada de acordo com a idade do paciente: Escoliose idiopática Infantil – do nascimento aos três anos de idade; Juvenil – dos três aos 10 anos; e Escoliose idiopática do Adolescente (final da maturidade esquelética) – acima de 10 anos, sendo esta a de maior prevalência.
“Por um motivo também que ainda não sabemos, a escoliose atinge seis vezes mais meninas do que meninos. Quanto mais precoce o seu aparecimento, pior é a sua evolução”. Assim, o Dr. Marcos Antônio alerta aos pais para observarem a coluna de seus filhos já que quanto mais cedo a doença for diagnosticada melhores serão os resultados do tratamento, evitando, também, a realização de boa parte das cirurgias”
Ele informa que o tratamento cirúrgico depende de uma série de fatores, entre eles a deformidade da coluna. Curvas menores que 25° graus não necessitam de tratamento especifico, somente orientações posturais e atividades físicas. Entre 25° e 45° graus, o tratamento é realizado com uso de coletes e controle ortopédico, bem como de atividades físicas, e, acima de 45°/50° graus, a indicação é pela correção cirúrgica.
Diagnosticada a escoliose, a doença se evolui com o desenvolvimento da criança, ou seja, as curvas são progressivas durante o crescimento e tendem a cessar quando do termino deste. Mas curvas de grande magnitude podem continuar progredindo após o término do crescimento e, no futuro, podem levar, além da alteração estética, a dores, problemas cardíacos e pulmonares, informa o especialista, que é também presidente da Sociedade Brasileira da Coluna – Regional Minas Gerais.
Por provocar uma deformidade física (saliência convexa nas costas ou no peito/dorso), a escoliose afeta o emocional da criança e, principalmente, do adolescente devido às transformações ocorridas na puberdade, levando o jovem a um recolhimento social. Até mesmo o uso de um colete traz apreensão e dificuldades no estabelecimento de uma relação social normal. Segundo ele, “a deformidade e o colete mudam a imagem corporal que o adolescente tem de si, aflorando nele um preconceito contra ele próprio”, explica o Dr. Marcos Antônio Ferreira. Infelizmente, justifica, “qualquer mudança de padrão da sociedade, seja por um defeito físico ou tratamento com uso de alguma órtese, não é aceito naturalmente”, conclui.