Histero-embrioscopia: maior acurácia no estudo genético fetal
Dr. Marco Melo (Diretor Científico da Clínica Vilara)
Classicamente, define-se como abortamento de repetição (AR) a ocorrência de três ou mais abortos consecutivos. Esse problema, que aflige a 0,5% a 3,0% das mulheres em idade fértil, provoca angústia nas afetadas e frustração nos médicos responsáveis, uma vez que mais de 60% dos casos não apresentam uma causa definida.
Na tentativa do diagnóstico,o casal é submetido a uma bateria de exames que parece não ter fim.É feito o estudo genético, ou seja, a busca de alterações cromossômicas, o estudo de doenças autoimunes e endócrinas e de trombofilias, que são alterações do mecanismo de coagulação. O resultado é o aumento da incidência de trombos,que obstruem os vasos placentários e provocam a morte fetal.
Embora alguns autores afirmem que as alterações cromossômicas fetais correspondem a cerca de 50% das causas de AR. o diagnóstico nem sempre é fácil ou possível.A realização da curetagem uterina e o envio do material (restos ovulares) para estudo cromossômico várias vezes são inúteis ou pouco esclarecedores,uma vez que a presença de cariótipo feminino normal não exclui a possibilidade de ter havido uma contaminação materna. Nessa hipótese, corre-se o risco de erroneamente dizer que o feto é normal cromossomicamente.
A boa notícia é que o exame de histero-embrioscopia vem sendo realizado com sucesso. A Clínica Vilara é pioneira em Minas e há mais de um ano vem esclarecendo vários casos que, até então, não possuíam um diagnóstico de suas causas. O procedimento consiste na coleta de material fetal sob visão endoscópica. Desta forma, tem-se certeza de que a amostra enviada para estudo genético pertence ao feto, descartando por completo a possibilidade de contaminação materna. O exame é feito sob sedação venosa e a paciente recebe alta duas horas após a coleta, sem qualquer queixa.
Naqueles casos em que existe uma anomalia cromossômica grave ou complexa, os casais recebem orientação genética e discutem sobre uma possível abordagem por Reprodução Assistida. Nesse caso, a técnica que vem dando os melhores resultados é a da realização do diagnóstico genético pré-implantacional (PGD) por meio do CGH. A técnica, também desenvolvida pioneiramente no Estado pela Clínica Vilara, possibilita a realização do estudo de todos os 23 pares cromossômicos, o que possibilita uma análise completa do cariótipo fetal.