Menopausa e qualidade de vida podem caminhar juntas - Hospital Vila da Serra

Menopausa e qualidade de vida podem caminhar juntas

Data da publicação: 21/03/2022

Médicas do Grupo Oncoclínicas e do Hospital Vila da Serra esclarecem as principais dúvidas sobre uma fase ainda cercada de mitos.

Embora seja um processo natural, a menopausa ainda é encarada como um tabu, sendo pouco discutida e atrelada a crenças limitantes que podem atrasar a ida da mulher ao ginecologista para enfrentar essa fase com saúde e qualidade de vida. Daí a importância de entender suas etapas – perimenopausa, menopausa e pós-menopausa –, sintomas e possibilidades de tratamento, sem esquecer-se de que cada experiência é individual.

“As mulheres nascem com um estoque fixo e não-renovável de óvulos, cujas quantidade e qualidade reduzem com o passar dos anos até a última menstruação, que marca o esgotamento deste estoque de óvulos e geralmente ocorre em torno dos 51 anos. As modificações que levam à menopausa podem começar até oito anos antes, que identificamos como perimenopausa, o primeiro estágio do climatério, e se manifestam, principalmente, por irregularidade menstrual. Outros sintomas podem vir, como ondas de calor – fogachos –, alterações do sono e humor, ressecamento vaginal, além do aumento do risco de doenças cardiovasculares e osteoporose”, esclarece a Dra. Márcia Mendonça Carneiro, ginecologista do Grupo Oncoclínicas. 

O diagnóstico de menopausa é definido pela ausência de menstruação por 12 meses seguidos e a partir de então vem a pós-menopausa.

“Esse período dura até o fim da vida e em seus primeiros anos os incômodos podem abrandar ou se intensificar. Os sintomas em geral estão relacionados à queda dos níveis de estrogênio, hormônio produzido pelos ovários que desempenha importantes funções no organismo feminino. Sendo assim, o principal tratamento para combater os efeitos do hipoestrogenismo na pós-menopausa é a reposição hormonal, que pode ser usada desde que as particularidades de cada paciente sejam respeitadas e na ausência de contraindicações, como ter tido câncer de mama ou no endométrio. A reposição hormonal é segura, eficaz e apresenta vários benefícios para a saúde da mulher”, descreve Dra. Beatriz Rocha, ginecologista, obstetra e vice-coordenadora da Maternidade do Hospital Vila da Serra.  

As alterações fisiológicas e emocionais advindas a partir da menopausa, conforme relatado pelas médicas, estão ligadas ao hipoestrogenismo. “O estrogênio orquestra uma variedade de funções vitais que podem mudar o equilíbrio da saúde feminina. A queda da sua produção na menopausa traz uma série de consequências, que afetam a qualidade de vida e a saúde, como pontuei anteriormente, já que o estrogênio é importante para o bom funcionamento do sistema cardiovascular, tem efeito neuroprotetor, e estudos recentes sugerem sua interação com as bactérias intestinais (microbioma), protegendo de doenças como a obesidade e síndrome metabólica”, informa Dra. Márcia Mendonça Carneiro, que também é professora associada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG.

A coordenadora de marketing Laura Barreto sempre aceitou a menopausa com naturalidade, embora tenha sentido que as mudanças impactaram mais do que esperava. “As ondas de calor durante a noite são um problema. Algumas vezes, chegam a ser tão intensas que preciso me levantar e tomar banho e, com isso, o sono fica prejudicado. Quando não se dorme bem, todo o resto, humor, produtividade, atenção, ficam prejudicados. Mas o importante é procurar sempre apoio profissional e se informar sobre o tema”, reflete.

A profissional de 51 anos buscou alternativas à reposição hormonal para lidar com o período. “Como minha mãe teve câncer de mama, busquei métodos mais naturais, como a prática de atividades físicas e outros cuidados”, declara.

De acordo com as ginecologistas, as principais queixas no consultório referem-se aos fogachos e à insônia, mas depressão, cansaço e dores de cabeça podem ocorrer. Ambas as médicas destacam que com informação e orientação médica é possível obter alívio desses sintomas e ressignificar esse período. Confira os principais mitos e verdades trazidos pelas doutoras.

Menopausa provoca ganho de peso? NÃO É BEM ASSIM. “As mudanças hormonais mudam a forma de deposição da gordura, mas associada a maus hábitos alimentares e ao sedentarismo é que irão resultar em aumento de peso”, esclarece Dra. Márcia Mendonça Carneiro.

Os sintomas da menopausa atingem todas as mulheres? MITO. “As principais queixas atingem boa parte das mulheres, mas algumas podem passar por esta fase sem apresentar nenhum dos sinais”, explica Dra. Beatriz Rocha.

Alimentação equilibrada e atividade física aliviam os sintomas da menopausa?  VERDADE. “Uma boa alimentação junto à prática de exercício físico ajudam a manter o peso adequado e a ganhar massa óssea, bem como libera endorfina, hormônio responsável por promover sensação de bem-estar”, descreve Dra. Beatriz Rocha.

A reposição hormonal é o único tratamento? NÃO. “Considera-se que o grupo que mais poderia se beneficiar da terapia hormonal são as mulheres com idade inferior a 60 anos (ou até 10 anos de menopausa) com fogachos (ondas de calor), respeitando-se as contraindicações. No entanto, existem opções não-hormonais para combater alguns dos sintomas indesejáveis”, explica Dra. Márcia Mendonça Carneiro.

A menopausa provoca secura vaginal? SIM. “Cerca de 50% das mulheres sofrem de atrofia vulvovaginal, uma condição que causa ressecamento vaginal e dor durante a relação sexual. Mas existem hidratantes vaginais ou lubrificantes, estrogênio para aplicação local em creme ou tablete”, explica Dra. Beatriz Rocha.

Reposição hormonal causa câncer e trombose? NÃO É BEM ASSIM. “O aumento de risco de câncer de mama associado à TH é estimado em menos de 0,1% ao ano. Já a incidência estimada de trombose venosa profunda e embolia pulmonar (TEV) é de um a dois casos por 1 mil mulheres/ano. Alguns estudos sugerem que o uso de TH pode resultar em sete a 18 casos adicionais de trombose por 10 mil mulheres, com maior risco nos primeiros dois anos de tratamento. Portanto, é indispensável a avaliação médica especializada e seu acompanhamento”, orienta Márcia Mendonça Carneiro.