Novos tempos
Dr. Wagner Neder Issa, diretor presidente do Hospital Vila da Serra
Governança Corporativa é um conjunto de processos, costumes, políticas, leis, normas e institutos que regulam a maneira pela qual uma empresa é dirigida, administrada e controlada, visando proporcionar o melhor relacionamento possível entre todos os envolvidos (sócios, administradores, colaboradores, comunidade, fornecedores, governo, etc). O objetivo é maximizar valores não apenas para os acionistas, mas para todas as partes interessadas.
Um perfeita integração entre o patrimônio e a gestão, entre os administradores e os sócios, estendendo-se também às demais partes, depende fundamentalmente de uma definição de “visão de futuro”, que passa pela vontade e pelo posicionamento dos detentores de participação acionária.
Neste ano, em que o Hospital Vila da Serra completa 15 anos de funcionamento, é nossa intenção promover um realinhamento do nosso pensamento estratégico em relação ao futuro da sociedade, seus valores, sua missão e seu posicionamento. Neste sentido, estamos, por determinação do Conselho de Administração da empresa, trazendo para o nosso dia a dia o que o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBCG) chama de “boas práticas” e procurando incorporá-las ao cotidiano de nossa atividade empresarial, principalmente ao processo de tomada de decisões. Este direcionamento, que se baseia especialmente na transparência, na equidade, na prestação de contas e na responsabilidade corporativa (princípios da Governança Corporativa), necessita ser vivido também pelo acionista. Afinal, sócios bem preparados são os “melhores conselheiros” de uma empresa. A Governança Corporativa é o instrumento que permitirá ao sócio “tomar conta” de sua empresa, isto é, conhecer a fundo as questões básicas pertinentes ao andamento da organização, seus resultados e suas perspectivas. Para que o Hospital Vila da Serra continue prestando à comunidade e aos seus clientes os bons serviços que tem prestado até o presente momento, é necessário preocupar-se com assuntos referentes à sustentabilidade e ao futuro.
Com relação ao princípio de transparência, mais do que a “obrigação de informar”, é preciso procurar cultivar o “desejo de informar”, sabendo que a boa comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea, franca e rápida, resulta num clima de confiança interna e nas relações da empresa com terceiros. A comunicação não deve se restringir ao desempenho econômico-financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor.
Para isso, é preciso, primordialmente e claramente, separar o que é interesse comum a toda a sociedade dos interesses individuais, frequentemente e naturalmente presentes nos relacionamentos humanos. Com isso em mente, um dos próximos passos do Conselho de Administração será colocar para consulta pública interna – a todas as partes interessadas – o anteprojeto do “Código de Conduta e Ética”. Ele nos convida ao compromisso de lidar com clareza e discernimento sobre questões de suma importância para a melhoria do convívio de todos os envolvidos no Hospital Vila da Serra: conflito de interesses, ética nos relacionamentos, responsabilidade de administradores e gerentes, entre outras.
Estando ou não à frente do negócio, cada sócio tem a obrigação de se inteirar sobre o ambiente interno e externo de sua empresa – como ela se relaciona, estabelece sinergias, compete e assume compromissos com as demais partes interessadas – para que os horizontes sejam ampliados e para que ele esteja mais bem preparado quando for chamado para definir o que quer de direcionamento para sua organização.
Quais são as questões básicas de nossa empresa? Que futuro queremos para o Hospital Vila da Serra? Teremos a oportunidade de refletir sobre esse tema num seminário interno para o qual todos os sócios serão convocados brevemente, lembrando que alguns dos objetivos da boa governança são a busca de consenso nas relações sociais e a convergência sobre o melhor caminho para a sociedade como um todo. Não adianta preocuparmo- nos somente com a melhoria da gestão e implantar todos esses procedimentos conhecidos como “boas práticas de governança”, se o conjunto da sociedade não estabelecer com clareza os objetivos para os quais devemos direcionar a empresa.
A melhor forma de diminuirmos as incertezas do futuro é participarmos de sua construção.