O desafio da UTI Neonatal
A sobrevida de bebês prematuros de extremo baixo peso (abaixo de 1.000g) vem aumentando significativamente nas últimas décadas. Embora ainda seja um grande desafio para as UTIs Neonatais, o Vila da Serra já trabalha com índices compatíveis com outros centros de referência mundial. A taxa de sobrevivência é de cerca 60 a 70%.
Devido a vulnerabilidade dos recém nascidos e a invasividade necessária para a sobrevida deles, um novo grupo de patologias começou a existir, incluindo a hemorragia intra ventricular, a displasia broncopulmonar, a retinopatia da prematuridade e as lesões do SNC com distúrbios cognitivos. “Apesar da morbidade aumentada, ano após ano vem se observando um aumento de bebês que sobrevivem com padrão de desenvolvimento somático e neurológico muito próximo da normalidade”, informa Dra. Tilza Tavares, neonatologista do HVS
Atualmente, o grande diferencial é o cuidado perinatal com a indicação da interrupção da gestação no momento adequado e em hospitais preparados para abordagem dos bebês. As condições de nascimento e a assistência em sala de parto adequados dão continuidade ao sucesso dos resultados.
Na UTI os pontos relevantes são:
- Controle térmico;
- Manipulação mínima;
- Evitar estímulos auditivos e visuais;
- Reforçar o estímulo tátil pelos pais;
- Colostro precoce;
- Nutrição parenteral precoce;
- Dieta trófica;
- Manipulação adequada de linhas venosas;
- Administração do surfactante nos primeiros 120 minutos de vida;
- Extubação precoce;
- Evitar apnéia;
- Manter equilíbrio hidroeletrolítico e metabólico;
- Cuidado pele a pele;
- Analgesia não farmacológica.
São realizados exames em momentos oportunos para o rastreamento de hemorragia intraventricular, persistência do canal arterial, retinopatia da prematuridade e osteopenia da prematuridade. “O tempo de internação é longo, o estresse vivido pelos pais não é mensurável. O prematuro extremo vive altos e baixos, as complicações, mesmo que não desejadas, são esperadas e todo apoio aos familiares é pouco”, lembra Dra. Tilza
Ela acrescenta que esse cuidado especial não termina na alta. É preciso o acompanhamento de um pediatra com conhecimento sobre o neurodesenvolvimento dos prematuros, a indicação de intervenção neurossensorial precoce, além do seguimento com especialistas como oftalmologista, otorrinolaringologista, neurologista, entre outros. “O mais fascinante é que o bebê consegue se superar na maioria das vezes, a vontade de viver ultrapassa as barreiras, a plasticidade cerebral hoje bem sedimentada nos surpreende a cada dia e esses grandes prematuros podem se integrar na nossa sociedade, estudam, trabalham e amam”, exclama.
Autora: Dra. Tilza Tavares, neonatologista do HVS.