A preservação da fertilidade já é uma realidade
A preservação da fertilidade ganhou grande repercussão na mídia após duas grandes empresas americanas – Facebook e Apple – divulgarem que estão oferecendo às suas funcionárias a opção de congelamento de óvulos. A ideia é estimular as profissionais com menos de 30 anos de idade a postergar a gravidez (graças aos melhores resultados reprodutivos), permitindo uma total dedicação à carreira.
Embora interessante, a iniciativa não foi bem aceita por todos os segmentos da sociedade, principalmente pelas feministas, que afirmam que o real objetivo do projeto é transformar essas mulheres em “homens”, aproveitando seus anos mais produtivos e de maior energia. Elas entendem que o ideal seria criar uma melhor forma de conciliação entre maternidade e trabalho.
Como se vê, a fertilidade é um tema controverso e longe de ser esgotado. Realmente, o que observamos no consultório é um aumento da procura de mulheres que desejam, na sua grande maioria, adiar a gravidez por motivos de estudo e/ou de trabalho. Recentemente, um estudo mostrou que uma mulher que exerce a mesma função de um homem numa empresa recebe cerca de 30% a menos. Uma das explicações seria o maior custo que elas provocam à empresa, devido aos direitos trabalhistas adquiridos, tais como a licença à maternidade, o horário para amamentação e o plano de saúde.
Dentre as causas médicas, convém salientar que preservação da fertilidade é indicada em situações nas quais são previstas cirurgias ovarianas agressivas (como no tratamento cirúrgico de endometriose e de tumores ovarianos benignos). Como existe o risco da necessidade de retirada do ovário, essa possibilidade deve ser pelo menos discutida com a paciente.
A indicação por tratamento oncológico também vem crescendo, ainda que timidamente. As causas muitas vezes estão ligadas à desinformação sobre a rapidez e a segurança do tratamento realizado. Anteriormente, os protocolos de indução ovariana, etapa inicial dos tratamentos de reprodução assistida, quando os ovários são estimulados a produzir vários óvulos, eram considerados fatores agravantes para determinados tipos de tumores. Hoje, existem protocolos seguros, que não pioram o prognóstico da paciente. Além disso, a incapacidade de armazenar os gametas femininos (óvulos) – com bons resultados – impossibilitava a preservação da fertilidade das mulheres antes de serem submetidas a um tratamento de radioterapia ou quimioterapia. Atualmente, as técnicas modernas de congelamento de óvulos e embriões mudaram esse cenário. Veja no quadro abaixo as principais indicações para a preservação da fertilidade.
De uma maneira resumida, as principais técnicas empregadas atualmente para se tentar preservar a fertilidade feminina são: