Videocirurgia pediátrica
A videocirurgia em adultos desenvolveu-se a partir da década de 80, com a realização da primeira colecistectomia por vídeo em 1987. Nas crianças, a técnica foi implementada quando a evolução da tecnologia permitiu a criação de instrumentos bem menores do que os de adulto, com calibres variando atualmente entre 2mm a 5mm de diâmetro.
Através desse novo processo cirúrgico, também chamado de cirurgia minimamente invasiva, são feitas ínfimas incisões na parede abdominal, do tórax, da bexiga ou de outras regiões do corpo. Por meio desses pequenos cortes são introduzidos instrumentos especiais dentro da cavidade corporal. As imagens do local que irá ser operado chegam ampliadas em um monitor de vídeo ou de TV através da transmissão por fibra óptica e microcâmera, permitindo que o cirurgião e sua equipe executem a cirurgia com boa visibilidade. Não se trata de cirurgia a laser, pois o que se utiliza nesse caso são as fibras ópticas.
As indicações cirúrgicas mais habituais para essa técnica são a retirada do apêndice em casos de apendicite aguda, a retirada da vesícula biliar devido a cálculos e inflamações e a correção do refluxo gastroesofágico. Outras indicações já estão bem consolidadas, como as cirurgias urológicas, incluindo a dos testículos não descidos, as cirurgias torácicas incluindo as biópsias pulmonares, o tratamento cirúrgico do empiema pleural pós-pneumonias graves e uma imensa gama de patologias abdominais.
Em recente congresso de cirurgia pediátrica e videocirurgia realizado na cidade de Belém/PA, em novembro, constatamos a expansão do uso desse procedimento na criança. Em grandes centros de cirurgias pediátricas na América do Sul e no mundo já estão sendo realizadas correções cirúrgicas por videocirurgia nas patologias congênitas do recém-nascido, incluindo aqueles com peso menor que 2500g.
Dentre as inúmeras vantagens dessa técnica para as crianças estão a obtenção de pequenas cicatrizes, menos dor pós-operatória e, consequentemente, menor uso de analgésicos, menor hospitalização e retorno rápido às atividades físicas, o que representa um ganho para os pequenos pacientes.
No Vila da Serra, a área de videocirurgia pediátrica vem se desenvolvendo cada vez mais através do treinamento especial da equipe de cirurgia pediátrica – que vem se capacitando melhor no aprimoramento da técnica – e do apoio da diretoria do hospital. O corpo diretivo vem destinando recursos para a aquisição da tecnologia necessária e tem colaborando muito nessa jornada.
Dra. Maria Luiza Carvalho da Silveira
Membro da equipe de cirurgia pediátrica do HVS